O papel apresentou uma função vital na construção da sociedade atual, no entanto sua importância é menosprezada em vista do desinteresse da população por seu feitio. Tal desfecho nos traz a este texto, o qual tem o propósito de abrir para discussão a relevância do papel para conquistas sociais, tais como a impressão, tipografia e fotografia. Conquistas essas que possibilitaram, a exemplo, a democratização do conhecimento, pois com o advanço da impressão e o barateamento dos materiais usados durante o processo, os livros tornaram-se cada vez mais populares.
Tendo isso em mente, o primeiro tópico a ser relatado faz referência à origem do papel. Sua primeira aparição seria no Egito, por volta de 3000 a.c., onde fibras de uma planta chamada Cyperus papyrus eram usadas para produzir o papiro. Contudo, o papel só fora efetivamente inventado durante a dinastia Han, na China, em 105 d.c. por Ts’ai Lun.

Registros dinásticos atribuem a invenção do papel ao alto funcionário do governo Ts’ai Lun, que comunicou sua invenção ao imperador Ho no ano 105 da era cristã. Não se sabe ao certo se Ts’ai Lun realmente inventou o papel, aperfeiçoou uma invenção anterior ou patrocinou sua invenção. Entretanto, ele foi deificado como o deus dos fabricantes de papel. (Meggs, 2009. pg.55)
O processo de Ts’ai Lun para fazer papel consistia em uma mistura umedecida de casca de amoreira, cânhamo, trapos, e fibras naturais. A mistura então era batida até que se formasse uma pasta/polpa, e logo após peneirada com o objetivo de obter-se uma fina camada que seria deixada para secar sobre um tecido de lã. Em seguida essa folha seria empilhada, prensada e por último deixada para secar ao sol. O produto final era nominado papel.
Esse método inventado na dinastia Han ficara quase inalterado até a mecanização da fatura do papel no século XIX, Inglaterra. Porém ainda antes da mecanização a técnica sofrera um grande aperfeiçoamento, esse sendo responsável pelo aumento da capacidade do papel de absorver tinta.
O primeiro grande aperfeiçoamento do processo foi o uso de engomação com amido ou gelatina para enrijecer e reforçar o papel e aumentar sua capacidade de absorver tinta. Nas primeiras décadas do papel, alguns chineses o consideraram substituto barato da seda ou do bambu, mas, à medida que o tempo passava, seu peso leve, fabricação econômica e versatilidade suplantaram todas as reservas. (Meggs, 2009, pg.55)
Tal como o papel, a impressão também fora inventada na China. Por volta do final do século 2, os chineses desenvolveram um mecanismo rudimentar para impressão em papel. Textos eram esculpidos em relevo sobre uma superfície a qual recebia um tratamento de tinta, cópias desses textos eram produzidas ao pressionar uma folha de papel contra a superfície, assim transferindo a imagem tingida.
A impressão, um dos principais feitos na história humana, foi inventada pelos chineses. A primeira forma foi a impressão em relevo. Duas hipóteses foram propostas para a invenção da impressão. Uma é que o uso de sinetes entalhados para produzir marcas de identificação evoluiu para a impressão. A segunda teoria sobre as origens da impressão gira em torno da antiga prática chinesa de fazer decalques à tinta de inscrições entalhadas em pedra. (Meggs, 2009, pg.55)
Um novo modo de impressão só fora surgir em meados do século 11, quando o alquimista Bi Sheng inventou caracteres reutilizáveis feitos de cerâmica. A impressão funcionava da seguinte forma: os caracteres eram colocados em uma chapa de ferro, essa era revestida com um tipo de resina dependente do tipo de texto a ser impresso. A chapa então era levemente aquecida e depois resfriada, para que o conjunto fosse fundido. A impressão era feita e a chapa novamente aquecida para que os caracteres se separassem e fossem guardados para reutilização.

Por volta de 1045, o alquimista chinês Bì Sheng (1023-1063) ampliou esse sistema desenvolvendo o conceito de tipo móvel, processo inovador que nunca se generalizou na Ásia. Se cada caractere fosse uma forma individual em alto-relevo, raciocinou ele, qualquer quantidade de caracteres poderia ser colocada em sequência numa superfície, entintada e impressa. Ele produziu seus tipos a partir de uma mistura de argila e cola. (Meggs, 2009, pg.60)
Saindo da China e partindo para a Europa, a história da impressão começa somente no século 12, com a chegada do papel através da Rota da Seda. O primeiro método de impressão a surgir por lá foi a xilografia - impressão usando talha em madeira. Pequenos livros, com textos religiosos, e gramáticas de latim, foram publicados com essa técnica na primeira metade do século XV.
Em 1430, o uso de tipos móveis metálicos apareceu na Europa sendo aperfeiçoado pelo alemão Johannes Gutenberg. A liga metálica que criara na época composta por chumbo, deixou os tipos bens muito mais duráveis. A prensa, que inventara com base em prensas de vinho, facilitou e acelerou o processo de fabricação, melhorando em geral os métodos de impressão. Esses detalhes revolucionaram a indústria da imprensa, o estopim sendo a impressão da primeira bíblia de Gutenberg, de impressionante qualidade gráfica, em 1455.
Em suma, o papel é, em poucas palavras, a base da impressão. Pois como dito por Meggs, Philip: Sem papel, a velocidade e a eficiência da impressão teriam sido inúteis. (Meggs, 2009, pg.91).
REFERÊNCIAS
A origem do papel: https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/Ensino_Fundamental/Origami/Documentos/indice_origami_papel.ht
História da Imprensa: https://www.guiageografico.com/temas/imprensa.htm
MEGGS, Philip. História do Design Gráfico.1. Edição. ed. Cosac & Naify, 2009
Texto desenvolvido por Tais Ariadne Graça Morais sob a orientação do Prof. Dr. Rodrigo Boufleur, para a disciplina Introdução ao Estudo do Design. O texto colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos sobre Design” (http://estudossobredesign.blogspot.com) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Artes - Bacharelado em Design - Novembro de 2019.